ente da Rolling Stones,
ente da Rolling Stones, e assinamos formulários sobre onde nossos corpos iriam se fôssemos mortos. Foi surreal.” Na Comuna 13, Daniel viu o impacto radical que a música pode ter. “Eu sempre achei que era entretenimento, mas agora ouço as pessoas dizerem: ‘Se não fosse pelo hip-hop, estaria morto’. Estava ajudando a tirar os jovens das gangues e dar a eles uma identidade diferente, uma maneira diferente de se expressar e trabalhar juntos para criar música. ” Daniel combinou seu amor pela música com o poder do teatro que tinha vivenciado em seu trabalho anterior com No Lugar da Guerra. “Todas as formas de arte podem ajudar os que vivem em áreas atingidas pelo conflito”, diz ela. “Não importa o quão ruim é a situação, as pessoas estão sempre fazendo arte. O significado muda dependendo da situação: durante o pior conflito, serve como uma distração. Se o conflito está longe, a arte pode abordar o que aconteceu, ajustar contas com o passado.” "A ARTE ABRE ESPAÇO PARA CONVERSAS” Ruth Daniel No Lugar da Guerra funciona organicamente, através de apresentações de uma rede em constante evolução com mais de 80 pessoas espalhadas pelo mundo - pessoas ligadas à arte que ajudam suas comunidades locais. As relações da organização com uma cidade ou um país muitas vezes se estendem por muitos anos. Em Uganda, por exemplo, a organização tem trabalhado por mais de uma década, criando espaços culturais, programas empresariais, um festival de música e até um grupo de teatro para mudar as percepções dos sobreviventes de conflito com deficiências. Daniel cita 44 / Revista Jaguar
Mundo No Lugar da Guerra em Uganda usa a dança e a música para uma mudança social FOTOS: JACOB SIMKIN (P. 40); KATIE DERVIN (P. 42-45) o exemplo de MC Benny, um artista local de hip-hop na cidade de Gulu, que agora tem um agronegócio onde 15 outros artistas trabalham. O dinheiro que eles fazem permite dar aulas de hip-hop em uma prisão local, incentivando os jovens infratores a abraçar a música em vez do crime. Daniel diz que esses projetos são vitais para as pessoas se ajustarem ao conflito. “Para mim, o som de tiros na Palestina era alarmante, mas para os que vivem lá, é completamente normal.” No Lugar da Guerra, estabeleceu inúmeros projetos na região, o mais notável é a Palestina Music Expo, que ajudou a apoiar e orientar os artistas palestinos. A organização ajudou a arrecadar mais de 0000 em equipamentos musicais para espaços culturais em toda a área, incluindo campos de refugiados, e profissionais para dar aulas regulares. A organização pretende cada vez mais ultrapassar as fronteiras, envolvendo os seus apoiadores em projetos em diferentes países. Talvez o melhor exemplo disso seja o GRRRL, uma colaboração internacional de música eletrônica que permite que as mulheres de lugares de conflito contem suas histórias. Sob a direção de Laima Leyton do Brasil – parte da banda belga Soulwax – mais de 40 mulheres de países como Zimbabwe, Bangladesh e Venezuela contribuíram para um projeto de música e turnê que produziu um álbum e fez apresentações ao vivo que ia de bares no Leste de Londres até os jogos da Commonwealth na Austrália. “As mulheres de lugares como estes estão entre as pessoas mais marginalizadas do mundo”, diz Daniel. “GRRRL permite que elas se reúnam, se expressem e inspirem outras.” Daniel diz que os meses ou anos de trabalho que pode demorar para criar tais projetos sempre compensa e, apesar de sua experiência, os efeitos continuam a surpreendê-la. “Estou sempre espantada com o poder da arte. Ela abre um espaço para conversas acontecerem que de outra forma não ocorreriam. E sem a chance de ser criativo - para que viver?” J www.inplaceofwar.net Revista Jaguar / 45